Qual é a “playlist” das histórias da sua vida?
- Bárbara Viscard
- 2 de dez. de 2022
- 2 min de leitura

Estive pensando sobre como a música tem um papel importante na minha história,
enquanto indivíduo e parte de uma sociedade.
É quase impossível ver um filme, por exemplo, e não associar aquela música que
acompanhava determinado personagem e toda história contada através da junção
magnífica destas duas artes que completam as diferentes linhas da trajetória da minha da sua vida que vão sendo confeccionadas.
Quem nunca suspirou ouvindo “Time of my life”, no filme Dirty Dancing (Ritmo
Quente) e não tentou reproduzir a cena final em casa para se sentir como a mocinha da
trama? E ouviu “She” do filme Um Lugar Chamado Notting Hill; “Unchained Melody” do filme Ghost: do Outro Lado da Vida daí lembrou dos momentos em que reuniu a família inteirinha na sala para ver os clássicos ou os últimos lançamentos da sétima arte
regados a muita pipoca, risos, sustos, reflexões e debates. Ouviu algumas das músicas
da seleção “flashback” e lembrou das histórias que viveu, ou escutou dos parentes e
amigos mais vividos?

A música foi a voz das dores de um país, quando não éramos livres para expressar as
diferentes opiniões políticas, cores, estilos, roupas e cultura tão plurais e significativos.
Marcados pelas letras e melodias de Caetano, Gil, Cazuza e Renato Russo que
contribuíram para a construção do senso crítico de muitos de nós, vindos de gerações
diferentes.
Da visão futurista de Raul Seixas e rebelde de Chorão, muitas vezes vistas como loucura, mas que ainda hoje se encaixam perfeitamente com o roteiro que está sendo escrito nos dias atuais, aos tempos de infância e pré-adolescência em que Sandy & Junior era febre!

Sons que nos trazem lembranças de momentos repletos de felicidade, saudade ou
aprendizados que uma batalha deixou, nos transportando para o passado, nos
acompanhando no presente, ou até mesmo, nos projetando para o futuro cuidadosamente planejado.
Força da ancestralidade presente nos sambas de roda que trazem a identidade de um
povo, herança deixada por meu pai que me ensinou a ouvir Fundo de Quintal, Zeca
Pagodinho, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, até chegar aos sambistas mais atuais
Exaltasamba, Maria Rita e outros. Com meu avô aprendi a ouvir Cartola e Nelson
Gonçalves. Assim preparando-me para conhecer e entender a realidade que mais tarde
ouviria através do protesto inteligente de Emicida e Edson Gomes.

A resistência e persistência dos tambores que aceleram os corações, arrepiam o corpo
inteiro, mostrando a representatividade e vibração da percussão da Timbalada e
Olodum. O grito que ecoa das quebradas de Salvador e do Brasil, trazendo os diferentes
enredos, uns mais reflexivos, calmos, poéticos, outros alegres e coreografados como os
do É o Tchan e Harmonia do Samba.
Orgulho de ser nordestina e reconhecer a minha origem nas letras do Rei do Baião, de Alceu Valença, de me inspirar na força feminina de Elis Regina, Clara Nunes, Mariene de Castro, Marilia Mendonça na tranquilidade, romantismo e poesia de Djavan ao qual fui apresentada num show particular voz e violão com meu tio, ainda bem pequena, e escutar Vander Lee nas resenhas e karaokês de família.

Ah! A música tem sido uma companheira fiel... e escrevendo este artigo pude olhar de
uma maneira diferente para parte da “playlist” da minha vida (ainda tem muita coisa...
não dá para listar tudo) e compartilhar um pouco dela com você, leitor.
Bom... espero que essa conversa tenha sido válida e tão boa quão ouvir uma música! E
aí, qual a “playlist” das histórias da sua vida? Já pensou sobre isso?
Até a próxima conversa!
Kommentare